sábado, 28 de junho de 2008

Robótica uma aula divertida e inovadora

A aula inovadora entusiasma alunos do ensino fundamental. O Professor Marcelo Molina, responsável pela disciplina de robótica, trabalha os conceitos de matemática e engenharia em aulas divertidas e dinâmicas. Confira a entrevista!
O Centro Educacional Änima, localizado na 212/412 norte, é o pioneiro no ensino da robótica. Nas aulas são utilizados kits de robótica da Lego Education, desenvolvidos especialmente para uso em escolas e voltados para um aprendizado prático e integrado. Assim, de uma maneira divertida, alunos vão descobrindo conceitos de matemática, fisica e engenharia.

O curso está na grade currícular da escola desde 2006 e as aulas são ministradas pelo professor Marcelo Molina. “Possuímos alunos que já criaram o que vão ser quando crescerem por causa da aula de robótica. Penso que seja uma das poucas matérias, se não a única, que já possibilita um desvendar de profissões, sejam elas de ciência da computação, ou mecânica ou até mesmo a mecatrônica, ou robótica. Obviamente isso sem querer desmerecer as outras matérias”, completa.

Veja a entrevista do professor sobre o mundo fantástico dos robôs.
Natasha Reis: O que é a robótica?
Marcelo Molina: A robótica na verdade é chamada por dois nomes: Educação Tecnológica, quando é aplicada até a 4ª série,e Robótica Pedagógica da 5ª série em diante. No caso do Änima utilizamos uma parceria com a Lego Education, que é representada no Basil pela EDAcom. Mas, a robótica pedagógica pode ser trabalhada de diversas formas diferentes, até mesmo sem a LEGO. Existem algumas escolas no Brasil por exemplo que utilizam sucata, outras utilizam a concorrência que é a VEX.
NR: E qual é a diferença entre as duas?
Marcelo Molina: A diferença entre a robótica pedagógica e a educação tecnológica é que na robótica já existe um cérebro eletrônico capaz de reproduzir comandos passados de um computador, ou seja os alunos programam pelo computador as ações dos robôs. No caso da educação tecnológica, os alunos estão mais restritos aos mecanismos de engrenagem, polias, motores e estruturas, mas não existe uma parte lógica, onde o robô possa interpretar comandos. Por exemplo, no caso de robôs, podemos montar estruturas que possuam sensores, como de luz e toque, e determinamos que os robôs precisem interpretar o ambiente. Assim, eles podem andar para frente e se encostarem em algum objeto ou parede, eles mudam de ação... dão ré, viram de lado... Na verdade essa ação quem determina previamente é o aluno. Isso dá para o aluno a capacidade de analisar um ambiente geometricamente e pensar em como, na lógica de programação, o robô poderá alternar o seu percurso. Então trabalhamos com os alunos desenvolvendo conceitos de engenharia, de uma forma mais simplificada, obviamente, mas que ele entenda como a mecânica da situação pode funcionar. Que tipos de engrenagens eles vão usar. Que sensores são necessários. Como será a estrutura, de forma que o robô não se desmonte ao andar. A programação é bem fácil. Utilizamos o programa Robolab, que foi desenvolvido em parceria com o MIT (Massachussets Institute of Technologies) e que permite que os alunos programem a partir de uma linguagem iconográfica (por ícones). Então quando o aluno precisa que o robô vá para a frente, ele apenas coloca o ícone do "motor A ligado para a frente" e pronto. Não precisa dos comandos de máquinas tradicionais. Isso cria nos alunos uma apreciação pela estrutura de lógica de programação. Isso, na verdade, desenvolve habilidades nos alunos. Apresenta novas profissões para adolescentes e jovens que ainda nem imaginam o que é o futuro e que profissões poderão utilizar. Possuímos alunos que já criaram o que vão ser quando crescerem por causa da aula de robótica. Penso que seja uma das poucas matérias, se não a única, que já possibilita um desvendar de profissões, sejam elas de ciência da computação, ou mecânica, até mesmo a mecatrônica, ou robótica. Obviamente isso sem querer desmerecer as outras matérias.

NR: Molina quais os conceitos são aplicados na aula de robótica?Marcelo Molina: São conceitos de engenharia civil, Engenharia mecânica e lógica de programação. Em engenharia civil eles observam as estruturas, a melhor forma de criar estruturas firmes, fixas ou flexíveis, que resistam ao peso e a força do robô. Na engenharia mecânica com conceitos de polias, rodas, eixos e engrenagens, que são as responsáveis por permitir os movimentos dos robôs. E a lógica de programação que faz com que o robô possua uma forma de ação, uma base para criar e interpretar o ambiente e um foco de ação.
NR: Como a robótica é aplicada em sala de aula?
Marcelo Molina: Os alunos sentam em grupos de 3 a 4 alunos. Existe uma divisão de funções e cada elemento do grupo possui uma tarefa determinada. O Organizador trabalha com a organização e contagem das peças. O Construtor constrói. O Programador encarregado de programar. O Organizador 2 fica encarregado de estruturar o grupo e ajudar o organizador 1. Eles possuem a revista da Lego, que se chama Lego ZOOM, onde existe um material pedagógico desenvolvido para a faixa etária de cada série e que faz uma abordagem multidisciplinar com as outras matérias. Os alunos possuem 2 horas para estudar a montagem, montar, testar e desmontar.Em algumas aulas possuímos os momentos teóricos onde fazemos a apresentação de conteúdos relacionados com os conceitos tecnológicos.
NR: Além desses conceitos quais as matérias que podem ser estudada nas aulas de robótica?Marcelo Molina: Primeiramente as matérias afins, como matemática e ciências. Depois criamos o link com a geografia, história e educação física.
NR: ciências?Marcelo Molina: Sim, ciências com o espaço. Na verdade toda aula Lego é construída com assuntos das matérias, mesmo ciências e história. Ciências fizemos ótimas parcerias com a Edir (professora de Ciências da escola), ela requisitava e eu construía planetários para a 5ª e 6ª série, o desenho da molécula de DNA para a 7ª, Polias e guindastes e alavancas para a 8ª. Em história fizemos uma parceria com o professor Tiago e criamos as guerras medievais em Lego. Os alunos tiveram que fazer castelos e armas. É interessante porque você acaba trazendo para a aula uma situação viva, real, sobre um fato histórico. Foi show de bola.

NR: Quais materiais são utilizados nas aulas?
Marcelo Molina: Basicamente o material é o LEGO. Raramente usamos outros materiais.
NR: Como são os compeonatos de robótica? Marcelo Molina: Quando contratamos os serviços da Edacom, em 2006, não possuíamos as aulas de robótica. Mesmo assim eles nos ofertaram para participar da FLL (First Lego League) que é um campeonato mundial. Possui etapas nacionais e locais. Participamos em 2006 do FLL que tinha como tema a Odisséia Oceânica e foi realizado no parque Hopi Hari em SP. Quando fomos eu apliquei um treinamento intensivo de 25 dias para os alunos que nunca tinham visto Lego na vida. Chegamos lá e percebemos que não era tão difícil assim. Por uma série de acontecimentos acabamos em 41º lugar, entre 53 competidores, ou seja ainda conseguimos ser melhores do que 12 escolas que já possuíam robótica há muito tempo. E perdemos por problemas de pilha fraca. As competições criam um espírito de equipe e de determinação necessários aos alunos desse nosso tempo. Bem como priorizam o conhecimento científico, ou seja estamos ocupando o tempo e o pensamento dos jovens com idéias e conceitos sobre conhecimento e sobre tecnologia. As competições da FLL também são voltadas sempre para temas importantes para os períodos. A que participamos estava focada em Odisséia Oceânica, ou seja sobre os perigos da poluição dos mares e oceanos,desenvolvendo uma mentalidade muito ambiental para os alunos.